É por isso que as motos elétricas fazem tanto sucesso na China
No horário de “pico” da manhã, um cruzamento movimentado em Pequim pode se transformar em uma verdadeira pista de obstáculos. Isso porque cerca de vinte motos elétricas se aproximam com o sinal fechado. Antes mesmo do semáforo abrir, todas já desapareceram, desafiando as leis do trânsito entre buzinadas e manobras arriscadas.
Essa cena é um reflexo cotidiano nas maiores cidades chinesas. A adoção em massa das motos elétricas, que começou há anos, continua até hoje. Estima-se que a frota desses veículos ultrapasse os 220 milhões no país. Apesar de contribuirem para a melhoria no ar, sua popularidade é principalmente pela praticidade.
Motos elétricas na China
As características das motos são facilmente modificáveis. Em qualquer loja, vendedores podem alterar as especificações em menos de vinte minutos, adaptando-as às necessidades dos clientes, desde a instalação de baterias removíveis em modelos fixos até o aumento da velocidade máxima.
Esses veículos não precisam de registro, seguro ou licença para condução. Basta comprar e sair dirigindo. Não é surpreendente que se tornaram um sucesso entre trabalhadores migrantes que vivem nos subúrbios e trabalham no centro das grandes cidades.
“O ônibus enfrenta engarrafamentos monumentais, o metrô é um inferno de tão cheio, e nunca vou ter dinheiro suficiente para um carro. A moto elétrica é minha salvação”, afirma Cheng Hong, uma trabalhadora de uma agência de viagens em Pequim, vinda da província de Heilongjiang.
Legislação chinesa
A única legislação nacional sobre motocicletas elétricas data de 1999, estabelecendo um limite de 40 quilos e 20 km/h, parâmetros que já não se aplicam aos modelos atuais.
Embora o governo chinês não publique dados nacionais sobre acidentes envolvendo motos elétricas, nas províncias de Henan e Jiangsu, estima-se que esses veículos estejam envolvidos em cerca de 70% dos incidentes de trânsito.
Segurança nas cidades
Para melhorar a segurança, algumas cidades implementaram leis próprias. Em Pequim, por exemplo, é proibido circular pela Avenida Chang’an e áreas adjacentes. Shenzhen adotou medidas ainda mais rigorosas, proibindo a circulação no centro e confiscando milhares de veículos.
A Associação de Motocicleta de Pequim defende uma revisão das normas, mas alerta contra a criminalização das motos elétricas. “Há muitos incidentes porque o número de motos é muito alto, mas muitos deles são causados por carros”, argumenta a entidade, que aguarda a criação de novos padrões nacionais.