Em 31 de julho de 1821, o Uruguai foi formalmente anexado ao “Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarve” sob o comando de Dom João VI, sendo denominado “Província Cisplatina”. Esse evento histórico marca um capítulo intrigante na formação do Uruguai, que posteriormente conquistou sua independência e tornou-se um país soberano.
A anexação da Cisplatina é resultado de um complexo contexto histórico que remonta ao século 18. Naquela época, colonos portugueses começaram a ameaçar a posse espanhola sobre a região, atraídos pela riqueza do gado bovino e outros recursos naturais. O couro do gado, de alto valor, e a carne salgada, utilizada como alimento para escravos, eram essenciais para a economia colonial.
A expansão portuguesa também se alinhava com o crescente comércio fluvial pelos rios da Prata, Paraná e Paraguai, ligando o Rio de Janeiro às regiões centrais do Brasil. Quando a corte portuguesa transferiu-se para o Brasil em 1808, Dom João VI tornou-se rapidamente ciente das implicações dessa expansão.
A ascensão do movimento liberal liderado por José Artigas na Banda Oriental (atual Uruguai) representava uma ameaça para Dom João VI. Artigas, com seu discurso abolicionista e republicano, era visto como um potencial instigador de mudanças que poderiam desestabilizar a autoridade portuguesa no Brasil.
Para conter essa ameaça, Dom João VI ordenou uma primeira incursão militar em 1811, justificando-a pela necessidade de proteger seus interesses comerciais e garantir o controle da bacia platina. Utilizou o pretexto de apoiar a reivindicação de sua esposa, Carlota Joaquina, ao governo da região, durante a ocupação espanhola pelos bonapartistas. No entanto, a resistência britânica à expansão portuguesa levou à retirada das tropas em 1812.
Apesar da retirada, a instabilidade política na região persistiu. Em 1816, Dom João VI, já coroado como Dom João VI, decidiu por uma nova incursão militar. Em 1821, a região foi oficialmente incorporada ao Brasil como a Província Cisplatina. Entretanto, esse território seria mais tarde palco de um processo de independência que resultaria na formação do Uruguai, separando-se do Brasil e do domínio português.