Existe chance do Banco Central da Argentina fechar as portas?
No último domingo (19), o país sul-americano da Argentina elegeu Javier Milei como seu novo presidente para um mandato de quatro anos. Uma das propostas ousadas apresentadas pelo líder recém-eleito levanta questões significativas: o fechamento do Banco Central do país.
A crise econômica na Argentina é evidente, com uma inflação acumulada de alarmantes 142,7% no último ano.
Na tentativa de solucionar essa problemática, Milei propõe uma medida radical: a adoção do dólar americano como moeda oficial, extinguindo assim a função do Banco Central argentino. Sob esta proposta, a autoridade monetária passaria a ser a Federal Reserve dos Estados Unidos.
O presidente eleito argumenta que essa decisão drástica poderia estabilizar os preços no país em um prazo de até dois anos. Contudo, a polêmica medida não passa despercebida entre os especialistas em economia, que questionam a viabilidade e os potenciais riscos dessa estratégia.
Opinião dos especialistas
Juliana Inhasz, professora do Insper e especialista em macroeconomia, expressa ceticismo em relação à proposta de Milei.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, ela destaca a dificuldade de conceber um país sem seu próprio Banco Central, especialmente em uma nação como a Argentina, enfrentando uma inflação tão elevada.
A professora argumenta que, mesmo que as políticas econômicas recentes tenham se mostrado ineficazes, a solução de extinguir o Banco Central e dolarizar a economia pode não ser a resposta ideal, apresentando-se como uma decisão extrema e potencialmente problemática.
Já Lívio Ribeiro, pesquisador da FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) e sócio da BRCG Consultoria, também compartilha insights sobre o tema. Em declarações à Folha, ele aponta para os exemplos dos países europeus que compartilham o Euro.
Mesmo possuindo um Banco Central para o continente, cada país ainda mantém sua própria autoridade monetária para regular questões bancárias e administrativas.
Enquanto a Argentina enfrenta desafios econômicos substanciais, a proposta de Milei continua a gerar debates acalorados, com economistas questionando a eficácia e a prudência de um movimento tão radical no cenário financeiro do país.