O Governo Federal iniciará um novo pente-fino no Programa Bolsa Família em janeiro de 2025, com foco na revisão dos cadastros desatualizados e nas famílias unipessoais, compostas por apenas uma pessoa. A medida visa ajustar o orçamento do programa, que sofrerá um corte de R$ 2,3 bilhões em relação a 2024.
Atualmente, mais de 4 milhões de beneficiários se enquadram na categoria de famílias unipessoais, o que preocupa as autoridades devido ao aumento deste grupo e à possível inclusão indevida de pessoas no sistema.
O Tribunal de Contas da União (TCU) já havia alertado para falhas no Cadastro Único (CadÚnico), recomendando melhorias na gestão dos dados e correções no planejamento do programa. A atualização dos cadastros é obrigatória a cada dois anos, sob risco de suspensão dos benefícios.
O que dizem os especialistas?
Leandro Ferreira, presidente da Rede Brasileira de Renda Básica, defende que o aumento no número de famílias unipessoais é resultado do desenho anterior do auxílio emergencial, e não deve ser interpretado como fraude. Ele ressalta que a sociedade passou a ver o valor do Bolsa Família como insuficiente, pressionando o governo a garantir o mínimo de R$ 600.
Aldaíza Sposati, professora da PUC-SP e especialista em políticas sociais, critica a abordagem governamental de focar nas famílias unipessoais, classificando-a como injusta, especialmente porque grande parte dessas famílias é composta por mulheres idosas e trabalhadoras informais, sem direito à aposentadoria.
Ela argumenta que essas revisões afetam os mais vulneráveis, enquanto fraudes em outros setores não recebem a mesma atenção. Até o momento, o governo não divulgou o número de beneficiários removidos do CadÚnico em 2024, mas afirma que continua realizando buscas ativas para incluir novos elegíveis no programa.