Bolsonaro está pulando de alegria após Alexandre de Moraes bater o martelo e liberar seu parceiro
O coronel do Exército, Marcelo Costa Câmara, que atuou como ajudante de ordens do presidente Bolsonaro, teve sua liberdade provisória decretada pelo ministro Alexandre de Moraes do STF nesta quinta-feira (15). Câmara estava detido desde fevereiro, em meio às investigações da Operação Tempus Veritatis, que apura uma possível tentativa de golpe de Estado e desrespeito ao Estado Democrático de Direito, supostamente articulados por Bolsonaro e seus aliados.
Marcelo Câmara foi liberado sob condições, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e a obrigatoriedade de se apresentar semanalmente à Vara de Execuções Penais do Distrito Federal. Além disso, outras medidas cautelares foram impostas por Moraes, como a proibição de deixar Brasília, de contatar outros investigados, de utilizar redes sociais e a entrega do passaporte. Ele também teve suspenso o porte de arma de fogo e o registro de CAC (colecionador, atirador e caçador). Câmara já passou sua primeira noite em casa sob monitoramento eletrônico e deve entregar seu passaporte à Polícia Federal ainda hoje.
A defesa de Câmara havia solicitado a revogação da prisão em fevereiro, sendo inicialmente negada por Moraes. O advogado Eduardo Kuntz considerou a decisão uma “vitória parcial” e demonstrou confiança de que a permanência de seu cliente nas investigações será desnecessária.
Marcelo Câmara, ex-assessor especial da Presidência, é apontado como integrante do grupo que teria fornecido informações a Bolsonaro para a suposta conspiração golpista. A investigação o identifica como parte do “núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral”, um dos seis núcleos supostamente envolvidos no planejamento do golpe, segundo a Polícia Federal.
O coronel serviu na gráfica do Exército e no gabinete do então comandante da Força, Enzo Peri, antes de integrar o gabinete presidencial em 2019. Ele fazia parte da equipe de ajudantes de ordens de Jair Bolsonaro, juntamente com o tenente-coronel Mauro Cid, ambos também investigados no caso das joias, revelado em reportagens exclusivas do Estadão.
Próximo ao fim de seu mandato, Bolsonaro concedeu procuração a Marcelo Câmara para administrar o acervo de presentes recebidos durante sua gestão, levantando suspeitas de tentativa de se isentar de responsabilidades quanto à apropriação indevida de bens da Presidência.
A Câmara foi mencionado em investigações sobre adulteração do cartão de vacina de Bolsonaro e possível envolvimento na criação de uma “Abin paralela”. Como um dos responsáveis por intermediar solicitações de informação ao presidente, ele encaminhava muitos pedidos à Agência Brasileira de Inteligência (Abin), levantando questionamentos sobre a existência de um sistema clandestino de informações vinculado ao órgão.