Os eventos climáticos têm se mostrado fatores cruciais que afetam a inflação dos alimentos. Fenômenos como aumento das temperaturas, secas prolongadas, queimadas, e chuvas excessivas impactam diretamente as colheitas e a saúde dos solos. Estes fatores incrementam o custo de produção agrícola, resultando em preços mais altos para os consumidores. Além disso, a oferta de energia também é prejudicada em períodos de estiagem, complicando ainda mais o quadro econômico.
De acordo com um estudo publicado na revista Nature, espera-se que até 2035, a inflação oriunda de eventos climáticos eleve os preços dos alimentos em até 3% anualmente. Este crescimento ocorre independentemente de outros fatores como conflitos e recessões. Com cada aumento de 1º C nas temperaturas mensais, projeta-se um acréscimo de 0,2% nos custos alimentares do próximo ano.
Como o fenômeno El Niño afeta a agricultura e os preços dos alimentos?
O El Niño, um dos fenômenos climáticos de maior notoriedade, causa aquecimento anômalo nas águas do Oceano Pacífico. Tal condição climática afeta diretamente regiões do Brasil, levando a padrões distintos de chuva e seca. Com sua ativação, as regiões sulistas experimentam aumento significativo das chuvas, enquanto o Norte e Nordeste enfrentam condições de seca. Este desequilíbrio prejudica tanto pastos quanto plantações agrícolas.
O El Niño ocorrido entre 2023 e 2024, conforme a Organização Meteorológica Mundial, foi classificado entre os cinco mais intensos já registrados. Durante seu impacto, observou-se um cenário dramático de inundações no sul e severa seca no norte e nordeste do Brasil, desencadeando um aumento exacerbado dos preços dos alimentos, decorrente da redução na oferta.
O papel das mudanças climáticas na intensificação dos fenômenos climáticos
As mudanças climáticas, na maioria impulsionadas pelas atividades humanas, intensificam os efeitos de fenômenos naturais como o El Niño. Conforme pesquisas do World Weather Attribution, tais mudanças ampliam a severidade e a frequência dos eventos climáticos extremos. A interação entre o aquecimento global e os ciclos climáticos naturais resulta em impactos mais devastadores para a agricultura.
Essa intensificação afeta tanto a quantidade quanto a qualidade das safras, levando não apenas ao aumento dos custos de produção, mas também à necessidade de estratégias de adaptação imediatas da parte dos agricultores.