Um desenvolvedor de jogos, Jason Rohrer, criou um chatbot que desafia fronteiras, possibilitando aos usuários “conversar” com entes queridos falecidos. Durante os incêndios florestais na Califórnia em 2020, Rohrer iniciou o projeto paralelo, aproveitando o GPT-2 da OpenAI. O resultado foi o Project December, inicialmente destinado a interações triviais, mas os usuários logo transformaram a plataforma em uma ferramenta de simulação de mortos.
O chatbot permite aos usuários criar personagens, incluindo versões de seus entes queridos falecidos. O impacto emocional é surpreendente, com relatos de usuários encontrando consolo e relembrando memórias esquecidas. O documentário “Eternal You” destaca como essa inovação desafia nossa concepção de morte, comparando-a à busca por imortalidade proporcionada pela religião.
A plataforma, agora comercializada por US$ 10, promete “simular uma conversa baseada em texto com qualquer pessoa”, inclusive com os mortos. As implicações éticas e emocionais são profundas, levantando questões sobre privacidade e saúde mental. Alguns usuários foram confrontados com respostas perturbadoras, como simulações de entes queridos alegadamente no inferno.
Rohrer, conhecido por sua visão libertária, acredita que adultos consentidos devem fazer escolhas próprias, mas também expressa ceticismo sobre os limites da IA, tornando-a “burocrática”. A OpenAI, ao descobrir o uso de seu modelo, impôs monitoramento das conversas, levando Rohrer a mudar para a AI21 Labs.
O Project December, com 3.383 usuários, não atingiu expectativas financeiras, mas Rohrer destaca seu impacto em ajudar aqueles que sofrem. A discussão sobre o futuro da IA continua, com Rohrer enfatizando a imprevisibilidade do progresso tecnológico. Enquanto alguns veem o chatbot como uma inovação emocionante, outros alertam sobre os riscos éticos e o potencial impacto na sociedade. O debate sobre a linha tênue entre realidade e simulação ganha força em meio a essa nova fronteira da interação humana com a inteligência artificial.