Indígenas surpreendem e começam a produzir filmes no Brasil
No universo cinematográfico brasileiro, dominado predominantemente por homens. Mulheres indígenas estão conquistando espaço, rompendo barreiras e moldando suas narrativas. A Rede Katahirine, idealizada pelo Instituto Catitu, é uma iniciativa que mapeou 70 mulheres indígenas atuantes em produções audiovisuais nos biomas amazônico, caatinga, cerrado, mata atlântica e pampa. O objetivo? Dar visibilidade e proporcionar oportunidades de remuneração a essas artistas.
Cineasta, jornalista e integrante do conselho da Katahirine, Olinda Tupinambá, aos 33 anos, é um dos destaques desse movimento. Representando o Brasil na Bienal de Veneza com o curta “Equilíbrio”, Tupinambá é a primeira mulher a produzir audiovisual na aldeia Caramuru, Bahia, onde reside com uma equipe pequena, frequentemente dependendo de editais públicos para suas produções.
A Rede Katahirine atua em quatro áreas prioritárias para as mulheres indígenas: formação, produção, distribuição e políticas públicas. O intercâmbio entre produtoras experientes e menos experientes fortalece o movimento, consolidando a presença feminina no cenário audiovisual.
Além de retratar a cultura indígena, as produções audiovisuais abordam questões como a luta pela terra. Recentemente, Olinda Tupinambá perdeu a tia e teve dois parentes baleados em conflitos por território em Potiraguá, Bahia, tema que, mesmo não sendo seu favorito, se reflete em seus trabalhos.
A visibilidade gerada pela Rede Katahirine visa não apenas reconhecimento nacional, mas também ampliar a representatividade em todos os biomas do Brasil. Quando mulheres indígenas pegam uma câmera, vão além do estereótipo cultural, revelando aspectos muitas vezes negligenciados. O audiovisual torna-se um poderoso meio de comunicação, conectando essas narrativas ao coração de suas comunidades. O movimento não é apenas cinematográfico; é uma afirmação de identidade e uma voz que busca ecoar em todo o país.