Portugal ficou em cima do muro na Segunda Guerra Mundial e escapou ileso
Durante a Segunda Guerra Mundial, Portugal, sob a liderança do ditador António Salazar, adotou uma neutralidade estratégica, em um jogo de estratégia e pragmatismo. Embora Portugal tivesse um antigo acordo com a Inglaterra, desde os anos 1300, Salazar deixou claro que isso não obrigaria o país a entrar no conflito. O principal temor português era perder territórios ultramarinos caso se alinhasse com um dos lados beligerantes.
Salazar, como católico, não se identificava com as ideologias do Eixo, apesar de sua admiração pessoal por Benito Mussolini. Ele criticava o fascismo e o nazismo por seus aspectos violentos e totalitários, que não se adaptavam ao caráter mais brando da sociedade portuguesa.
O ditador português também via o nazismo como um baluarte contra o comunismo soviético, uma preocupação constante em sua política externa.
Como aconteceu a estratégia
A Espanha, sob o regime de Francisco Franco, tinha acordos com a Alemanha, o que preocupava Portugal. Antes do início da guerra, em uma jogada diplomática astuta, Portugal conseguiu negociar um acordo de não agressão com a Espanha. Este pacto, assinado em 1939, garantiu que Portugal não sofreria ataques durante a guerra, mantendo-se neutro.
No início do conflito, em setembro de 1939, Portugal declarou sua neutralidade, reafirmando que a aliança com a Inglaterra não implicava envolvimento militar. Essa decisão foi confirmada pelo governo britânico, que não solicitou ajuda portuguesa.
Benefícios econômicos
A política de neutralidade de Salazar também visava a criação de um bloco ibérico neutro, consolidado com o Tratado Luso-Espanhol de Amizade e Não Agressão. Este tratado, reforçado em 1940, foi crucial para manter a neutralidade de ambos os países, mesmo com a Espanha tendo simpatias pelo Eixo e Portugal mantendo relações próximas com a Grã-Bretanha.
A neutralidade portuguesa trouxe benefícios econômicos significativos. O país conseguiu manter um saldo comercial positivo durante boa parte da guerra, exportando para ambos os lados do conflito.
Além disso, Portugal se tornou um refúgio seguro para muitos, incluindo o empresário armênio Calouste Gulbenkian, que contribuiu para a cultura portuguesa.