Qual o impacto no mercado de trabalho com o fim da escala de 6×1?
A jornada de trabalho tradicional de 6×1, na qual trabalhadores têm uma folga a cada seis dias de trabalho, está em pauta para uma mudança significativa. A proposta de Emenda à Constituição (PEC), defendida pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), visa reduzir a carga horária de 44 para 36 horas semanais, instituindo uma escala mais equilibrada de quatro dias de trabalho para três dias de descanso (4×3). O tema, que recentemente ganhou força nas redes sociais, foi debatido no programa “O Grande Debate”, da CNN, com os comentaristas José Eduardo Cardozo e Alexis Fonteyne.
A ideia central da PEC não é apenas mudar a carga horária, mas também promover uma organização que priorize o bem-estar dos trabalhadores e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. De acordo com o Ministério do Trabalho, essa mudança é “plenamente possível e saudável”. Estudos mostram que uma jornada reduzida pode, ao contrário do que se pensa, aumentar a produtividade, permitindo que o trabalhador mantenha seu rendimento e foco ao longo dos dias de trabalho e desfrute de um descanso mais prolongado para recuperação e lazer.
No debate, o comentarista José Eduardo Cardozo destacou que o mérito da PEC está em fomentar uma discussão pública necessária. Em sua visão, a escala 4×3 representa um avanço na qualidade de vida e pode ser aplicada com cuidado para garantir que não haja perda salarial. “A medida pode ser viabilizada por meio de convenções coletivas ou decisões legislativas, abrangendo todos os trabalhadores do país de maneira justa”, afirmou Cardozo. A flexibilidade no tempo de descanso surge como uma oportunidade para oferecer uma melhor qualidade de vida ao trabalhador, o que poderia se refletir em um maior comprometimento e satisfação no ambiente de trabalho.
Alexis Fonteyne, por outro lado, argumentou que a decisão sobre escalas de trabalho deveria ser deixada para as empresas, alegando que uma imposição estatal distorceria a organização social e prejudicaria a competitividade. Contudo, essa visão ignora os desafios enfrentados pelos trabalhadores que, muitas vezes, têm sua rotina e saúde afetadas pelo modelo de 6×1. A proposta de uma jornada 4×3 traz o benefício de uma maior adaptabilidade para diferentes perfis de trabalho, além de demonstrar uma abordagem inovadora e promissora para setores que se beneficiam de uma força de trabalho descansada e motivada.
Assim, a escala 4×3 não apenas moderniza as práticas trabalhistas, mas também oferece ao trabalhador o direito de balancear suas responsabilidades com um descanso adequado.