Transposição do São Francisco nem arranca perto de obra chinesa com 3.000 km em rio
A China enfrenta desafios na distribuição de água há décadas. Enquanto o sul do país é abundante em recursos hídricos, o norte sofre com a escassez. Assim, para mitigar o problema, o governo chinês lançou um projeto de transferência de água de Sul para Norte, envolvendo três rotas principais: Leste, Central e Oeste. Desse modo, o plano da China é construir a maior rede de rios artificiais do mundo.
A Rota Leste começa perto da cidade de Yangzhou, utilizando um ramal do Rio Yangtsé. A água é bombardeada para o Grande Canal Jing-Hang, o maior canal artificial do mundo, e transportada até Tianjin, uma cidade a noroeste de Pequim.
Já a Rota Central tem início no reservatório de Danjiangkou, para permitir o fluxo de água, a barragem foi elevada a 15 metros, o que exigiu a realocação de mais de 300 mil pessoas.
Ainda, a Rota Oeste está em fase de planejamento, e segundo as informações, será a mais desafiadora de todas elas. Envolvendo a construção de túneis através do Planalto Tibetano, essa rota deverá estar pronta até 2050, com capacidade para entregar até 17 bilhões de metros cúbicos de água por ano.
Impactos sociais e ambientais
Apesar dos benefícios para as regiões do norte, o projeto enfrenta diversas críticas devido aos impactos ambientais e sociais. Isso porque, a construção dos canais irá interromper o fluxo natural dos rios, causando a seca de centenas de cursos d’água menores.
A contaminação das vias navegáveis artificiais por resíduos industriais também é uma grande preocupação por parte dos críticos do projeto.
Maior projeto de transposição do mundo
O custo total do projeto será elevado, e a manutenção da extensa rede de canais e aquedutos exigirá investimentos contínuos. Apesar disso, o governo chinês acredita que essa é uma iniciativa crucial para garantir a sustentabilidade hídrica do país.
Vale ressaltar a transposição do Rio São Francisco, no Brasil, que é equivalente à distância entre Brasília e Salvador, com 2.830 km. O Rio São Francisco hoje é responsável por abastecer cinco usinas hidrelétricas, e pelo sustento de muitos ribeirinhos do Vale do Velho Chico, com passagem por Petrolina, Pernambuco e Juazeiro na Bahia.