Venezuela tira carta da manga e resolve vender petróleo por criptomoedas
A Venezuela, liderada por Nicolás Maduro, está inovando nas negociações de petróleo ao usar criptomoedas como forma de pagamento. Desde o ano passado, o país sul-americano adotou o Tether (USDT), uma stablecoin que tem paridade com o dólar americano, para conduzir algumas das suas transações no mercado de petróleo.
A decisão de usar criptomoedas não é por acaso. Com o retorno das sanções dos Estados Unidos, a Venezuela busca maneiras de evitar que suas receitas sejam bloqueadas em contas estrangeiras. Como as transações com criptomoedas são mais difíceis de serem rastreadas e sancionadas, elas surgem como uma alternativa segura para o país.
O ministro do Petróleo venezuelano, Pedro Tellechea, destacou que a Venezuela usa diferentes moedas para negociar petróleo, dependendo do contrato. Em alguns casos, as criptomoedas se tornaram a escolha preferida, possivelmente por causa do quase anonimato oferecido pelas transações virtuais.
No entanto, o uso de criptomoedas para vender petróleo não é uma prática totalmente nova na Venezuela. Em 2023, um escândalo de corrupção envolvendo a estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) revelou cerca de US$ 21 bilhões em receitas não contabilizadas, algumas das quais associadas a transações com criptomoedas.
Com as novas sanções dos EUA, a PDVSA passou a exigir que os novos clientes possuam criptomoedas em suas carteiras digitais. Essa mudança na política da estatal, que também afetou contratos antigos, visa garantir uma maior segurança nas transações internacionais.
Apesar dos avanços, a Venezuela ainda enfrenta desafios para expandir o uso de criptomoedas, especialmente por causa das restrições que afetam corretoras e intermediários. Isso dificulta negociações diretas com grandes consumidores, como a China.
A adoção de criptomoedas pela Venezuela reflete um movimento crescente para desafiar a hegemonia do dólar, mostrando que até mesmo a indústria do petróleo pode se adaptar aos novos tempos e contornar obstáculos econômicos e geopolíticos.